Quem é a noiva de Cristo?

Dez virgens

Você já falou ou já ouviu alguém falar que a igreja é noiva de Cristo. Certo?

Mas será que essa resposta está mesmo correta?

Para responder precisamente a essa pergunta, vamos analisar a parábola das 10 virgens, a qual descortinou alguns mistérios acerca do reino de Deus e da volta do Senhor Jesus Cristo. Aliás, um dos objetivos do Senhor ao falar em parábolas é o de anunciar enigmas da antiguidade (Salmos 78:2).

Para compreender o papel de cada personagem da parábola, é preciso compreender um pouco a tradição de Israel no tocante ao casamento.

Jesus contou a parábola para pessoas que estavam bastante acostumadas com os todos os elementos nela mencionados . As bodas eram o desfecho de uma longa jornada que começava com uma promessa, passava pelo compromisso (noivado) e findava com o casamento (bodas), que é o assunto da parábola.

Conforme a tradição, o noivo costumava chegar à casa da noiva à noite, sendo então recebido por damas de honra que iam em direção a ele para o conduzirem até a presença da noiva, iluminando o caminho dele com suas lâmpadas acesas. Uma das atribuições das virgens era a de tornar gloriosa a chegada do noivo. Na época, não havia iluminação pública tal como temos hoje, então as lâmpadas acesas eram realmente necessárias na ocasião.

Como inequivocamente as dez virgens da parábola referem-se à igreja e, tendo em vista o contexto cultural acima explicado, as virgens não podem ser confundidas com a noiva. Na verdade, as dez virgens foram inicialmente convidadas para a festa. Agora observe o seguinte texto:

Os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando. Algumas pessoas vieram a Jesus e lhe perguntaram: “Por que os discípulos de João e os dos fariseus jejuam, mas os teus não? ” Jesus respondeu: “Como podem os convidados do noivo jejuar enquanto este está com eles? Não podem, enquanto o têm consigo. Mas virão dias quando o noivo lhes será tirado; e nesse tempo jejuarão. Marcos 2:18-20

Essa foi a primeira vez que o Senhor Jesus se referiu aos discípulos chamando-os de “convidados”. Não há como sermos convidados e noiva ao mesmo tempo.

A parábola do rei que celebra as bodas do filho (Mateus 22:1-12) também fala em pessoas convidadas para a festa. Os primeiros convidados daquele texto referem-se ao povo de Israel. Após a recusa, pessoas de todas as partes são convidadas a participarem do importante evento. Estas últimas representam a igreja, pessoas de todas as partes (gentios). A parábola termina com o rei dizendo:

E o rei, entrando para ver os convidados, viu ali um homem que não estava trajado com veste de núpcias. E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo veste nupcial? E ele emudeceu. Disse, então, o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o, e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes. Mateus 22:11-13

Por mais de uma vez, a Palavra de Deus nos identificou expressamente como convidados, e não como a noiva de Cristo. Não bastasse isso, a Bíblia nos mostra de forma clara e precisa quem é a verdadeira noiva de Cristo (prometida), a qual se converterá, na ocasião das bodas do Cordeiro, na Esposa do Senhor. Observe:

E veio a mim um dos sete anjos que tinham as sete taças cheias das últimas sete pragas, e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a esposa, a mulher do Cordeiro. E levou-me em espírito a um grande e alto monte, e mostrou-me a grande cidade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu. E tinha a glória de Deus; e a sua luz era semelhante a uma pedra preciosíssima, como a pedra de jaspe, como o cristal resplandecente. E tinha um grande e alto muro com doze portas, e nas portas doze anjos, e nomes escritos sobre elas, que são os nomes das doze tribos dos filhos de Israel (…). Apocalipse 21:9,12

E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido. Apocalipse 21:2

Mesmo no Antigo Testamento, vemos algumas referências ao noivado entre Deus e Sião (Jerusalém):

Assim diz o Senhor dos Exércitos: “Tenho muito ciúme de Sião; estou me consumindo de ciúmes por ela”. Zacarias 8:2

Tocai a trombeta em Sião, santificai um jejum, convocai uma assembleia solene. Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, congregai as crianças, e os que mamam; saia o noivo da sua recâmara, e a noiva do seu aposento.” Joel 2:15,16

E serás uma coroa de glória na mão do Senhor, e um diadema real na mão do teu Deus. Nunca mais te chamarão: Desamparada, nem a tua terra se denominará jamais: Assolada; mas chamar-te-ão: O meu prazer está nela (Hefizibá), e à tua terra: A casada (Beulá); porque o Senhor se agrada de ti, e a tua terra se casará. Isaías 62:3,4

Agora que temos uma resposta para o título do estudo, vamos avançar para alguns dos outros mistérios relacionados à parábola, lembrando que a promessa de revelação desses mistérios para nós foi feita pelo próprio Senhor Jesus Cristo (Mateus 13:10-11).

O arrebatamento (Mt 25:10-12)

O ensino de que a igreja será arrebatada (retirada) do mundo antes do início da grande tribulação e da revelação do anticristo ainda parece ser o mais difundido no meio cristão, mas isso não significa que este ensino esteja correto.

O grande problema da teoria pré-tribulacionista é que vários textos mostram claramente pessoas da igreja sendo salvas durante o período da grande tribulação, inclusive pessoas que “foram degoladas pelo testemunho de Jesus” (Ap 20:4). Para defenderem o arrebatamento escapista, os defensores da teoria pré-tribulacionista dizem que uma parte da igreja será arrebatada e outra permanecerá no mundo, para somente depois ser salva.

A parábola das dez virgens é um dos textos que se opõem a essa teoria, uma vez que nele podemos ver de forma cristalina que existe apenas uma oportunidade de salvação. Depois que a porta fechou, nenhuma virgem foi capaz de adentrar. Isso é um mistério revelado!

Acerca do correto posicionamento do arrebatamento em relação à grande tribulação, temos um estudo revelador disponível no link: https://www.evangelismo.blog.br/2020/02/08/o-arrebatamento-da-igreja/

Noite (Mt 25:6)

A noite é o período no qual a iluminação é precária ou quase inexistente. É comum as pessoas terem receio de sair no escuro por medo do desconhecido e de sofrerem algum tipo de violência, pois é geralmente o período escolhido por pessoas mal-intencionadas para agirem. À noite, as pessoas que acordaram cedinho e trabalharam arduamente o dia todo estão cansadas e quase sem ânimo para se manterem acordadas até mais tarde, principalmente à medida que a meia-noite se aproxima.

Quando Jesus voltar, o mundo estará vivendo um período “noturno”, com cristãos se cansando de fazerem o bem e sem energia para se manterem acordados até o último instante antes da vinda do Senhor (as virgens prudentes também adormecem). A iniquidade e a violência terão aumentado ao ponto de abalar a fé de muitos.

E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles? Digo-vos que depressa lhes fará justiça. Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra? Lucas 18:7,8

Eleição:

Conforme a parábola, as virgens imprudentes jamais tiveram o azeite, isso desde o início. Elas não tiveram azeite algum dia e depois o perderam. Da mesma forma, as prudentes, em momento algum perderam o azeite. Elas o tiveram desde o início e o mantiveram até o final, mesmo adormecendo.

As virgens prudentes sempre foram prudentes, enquanto as néscias sempre se mantiveram néscias. Elas não se tornaram néscias depois.

Um crente eleito desde a fundação não pode “perder a salvação”. Para entender sobre esse assunto, acesse: https://www.evangelismo.blog.br/2017/11/27/posso-perder-a-salvacao/

Salvação é individual: (Mt 25:8-9)

As virgens prudentes não puderam ajudar as insensatas.

PERSONAGENS DA PARÁBOLA:

No total, a parábola fala de 6 personagens, se considerarmos a noiva, que não é mencionada expressamente.

O Noivo: é representado pela pessoa do próprio Senhor Jesus Cristo, que retornará.

O azeite: O combustível para a lâmpada de barro, responsável por produzir a chama que aquece o portador e ilumina o caminho. Remete ao próprio Espírito de Deus, que habita igualmente em vasos de barro (nós), aquece (Ap 3:15) e nos mantém no caminho, mesmo na escuridão do mundo.

O fato de as virgens não cederem do próprio azeite às imprudentes remete à impossibilidade de compartilharmos do que é nosso (salvação é individual). O azeite só é obtido por quem verdadeiramente está ligado ao Senhor Jesus (a videira verdadeira).

Curioso notar que, mesmo sendo meia-noite, as prudentes sugerem que as imprudentes saiam para comprar o azeite. Naquele período, em razão da insegurança e violência, os comércios não abriam à noite. Ao que parece, as prudentes querem apenas se livrar das demais. Não é difícil de acreditar nisso, ainda mais depois de lembrar que, em uma outra parábola, o filho pródigo, ao retornar para casa, não foi bem recebido pelo que permaneceu na presença do Pai.

Alguém que grita: como as dez virgens estavam dormindo, mesmo as prudentes, o grito que as desperta só pode ter sido dado por um ser celestial fazendo uso da trombeta de Deus:

Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. 1 Coríntios 15:51,52

As virgens: são os congregados da igreja. Tal qual na parábola, pessoas com e sem o Espírito de Deus mantém uma rotina de se reunirem num lugar como igreja para aguardarem a vinda do Senhor Jesus.

Os vendedores do azeite: Não se referem a Deus, pois a salvação e os dons são gratuitos, mediante a fé. Não podem ser os anjos, pois se sujeitam a Deus. Não podem ser dos que aguardam a vinda de Cristo, pois as virgens (igreja) estavam todas reunidas e aguardando a chegada do noivo, ainda que dormindo e ainda que uma parte delas estivesse sem o azeite.

Por eliminação, tais vendedores só podem se referir aos atuais mercadores da fé (mercenários), pessoas que se aproximam da fé cristã para enganar incautos (virgens imprudentes), para assim usufruir algum tipo de vantagem financeira, sendo essa a única razão para estarem no meio cristão. Os mercadores sequer desejam a volta de Cristo, mas apenas enriquecerem mediante sermões voltados exclusivamente para a arrecadação de dinheiro.

É importante lembrar que a parábola remete para o tempo do fim e que, em nossos dias, até mesmo canetas “ungidas” para passar em concurso têm sido comercializadas, além de travesseiros, pás de pedreiro, vassouras e uma série de outros produtos “ungidos” para diferentes finalidades. Conforme a parábola, apenas os imprudentes (incautos) caem nesse tipo de golpe.

A noiva: a personagem que não é mencionada expressamente na parábola é a Nova Jerusalém (Apocalipse 21:9,12). Como vimos, as virgens não representam a noiva de Cristo, mas tratam-se de pessoas convidadas para participarem da festa nupcial do noivo com a noiva. O Senhor Jesus, para falar de si mesmo, não contou uma história de um homem que iria se casar com 10 mulheres, porque Deus não é favor da poligamia.

Seria muito estranho o Senhor Jesus Cristo ter como noiva o seu próprio corpo (1 Coríntios 12:27) ou aqueles a quem Ele chama de amigos (João 15:14), irmãos, irmãs e mães (Marcos 3:35), servos (Mateus 25:23), filhos (Apocalipse 21:7), reis e sacerdotes (Apocalipse 5:10).

Glória a Deus por isso!

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