Libertação e conversão

“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” João 8:32

“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor,” Atos 3:19

O objetivo desse estudo é demonstrar que libertação e conversão são fenômenos distintos, que não acontecem necessariamente no mesmo momento, e também procurar identificar os efeitos e a responsabilidade de Deus e dos homens nesses dois eventos.

Os discípulos mais próximos do Senhor Jesus foram libertos do engano e do poder do pecado em algum momento durante o aprendizado com o Mestre (João 8:32,36), porém a conversão deles ocorreu apenas em algum momento após a morte e ressurreição de Jesus Cristo, uma vez que todos eles abandonaram o Senhor Jesus no Getsêmani, na noite em que foi traído. Isso aconteceu porque nenhum deles era realmente convertido, embora somente a Pedro, Jesus tenha dirigido a seguinte palavra:

“Disse também o Senhor: Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos.” Lucas 22:31-32

Não acredito que seja tarefa simples descobrirmos se somos realmente convertidos ao Senhor Jesus ou não, pelo menos não até sermos jogados num caldeirão de óleo fervente, como o apóstolo João, ou serrados ao meio, como o profeta Isaías, ou apedrejados, como o diácono Estevão, em razão da fé. Diante da dor e do derramamento do próprio sangue, conservaríamos a nossa fé até a morte? Isso é coisa que apenas uma pessoa verdadeiramente convertida ao Senhor Jesus é capaz de suportar.

Após a introdução, vejamos algumas referências acerca da libertação:

“Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” João 8:36

“E, libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça.” Romanos 6:18

“Na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus.” Romanos 8:21

“Disse pois: O Senhor é o meu rochedo, e o meu lugar forte, e o meu libertador.” 2 Samuel 22:2

Em todas elas, é possível observar a libertação como um ato soberano de Deus e nós o alvo dessa ação. Deixe-me contar um exemplo. No passado, o povo eleito era apenas escravo no Egito, sem perspectiva alguma de lá sair, porém Deus o libertou com a mão forte, chegando mesmo a criar um caminho no mar para povo poder passar.

A libertação traz consigo alguns efeitos sobre a vida do homem. Após a libertação, o homem passa a reconhecer a soberania de Deus, consegue se ver como um pecador digno de receber punição, ao mesmo tempo em que entende o papel desempenhado pelo Senhor Jesus Cristo na cruz, sua obra de redenção e a necessidade de se arrepender pelos pecados para viver uma nova vida que agrade a Deus.

A libertação retira o poder do engano e do pecado sobre o homem e o introduz no caminho da salvação. Se pecar, terá sido de forma consciente, e não mais sob a influência da cegueira do engano.

“Libertará as suas almas do engano e da violência, e precioso será o seu sangue aos olhos dele.” Salmos 72:14

Uma pessoa que tenha sido liberta ainda vai pecar, até que ela realmente se arrependa e se converta ao Senhor em cada ponto de necessidade e abandone para sempre o velho homem. Isso é a conversão. Embora seja impossível alguém se tornar perfeito nesse mundo, em razão da natureza e limitações humanas, é possível, no entanto, alcançar um estilo de vida que glorifique a Deus, mediante a aplicação de um esforço diário na busca pela santificação.

A conversão é um ato humano e resulta do arrependimento. Primeiro eu me arrependo e depois eu me converto, exatamente nessa ordem:

Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor,” Atos 3:19

A conversão se trata de uma decisão pessoal que só pode acontecer após o ato de libertação operado por Deus.

Vejamos algumas referências que tratam o assunto:

“E a mão do Senhor era com eles; e grande número creu e se converteu ao Senhor.” Atos 11:21

“Dize-lhes: Vivo eu, diz o Senhor DEUS, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis, ó casa de Israel?” Ezequiel 33:11

“E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra.” 2 Crônicas 7:14

“Os homens de Nínive se levantarão no juízo com esta geração, e a condenarão; pois se converteram com a pregação de Jonas; e eis aqui está quem é maior do que Jonas.” Lucas 11:32

Em todas as referências acima, vemos que os homens se converteram ao Senhor, e não que Deus os convertera forçadamente. Enquanto no processo de libertação, o homem é apenas o alvo da ação libertadora, na conversão, o homem assume um papel decisivo.

Para mudar a minha vida em uma determinada área hoje, eu não preciso esperar por grandes milagres ou sinais. Eu só preciso decidir e usar ao meu favor os meios que Deus deixou a minha disposição: oração, leitura da Palavra, jejum, armadura de Deus (Efésios 6), a fim de que eu consiga vigiar e me apartar do mal, tendo em vista que a carne sempre será fraca e jamais poderá ser subestimada. A única maneira de vencer as obras da carne é fortalecendo o espírito.

Para concluir, a questão da libertação e da conversão pode ser explicada ainda da seguinte forma:

Imagine o caso dos pássaros que viveram uma vida inteira presos num grande viveiro (mundo) e que, após terem sido comprados por um novo dono misericordioso (Deus), ganharam a oportunidade de serem livres. O novo dono abre a porta e os pássaros descobrem que estão livres para sair (libertação), porém eles ainda precisam tomar uma decisão corajosa para efetivamente abandonar o cativeiro (conversão), tendo em vista a comida e água disponível na prisão (pecado).

A libertação ocorre em nossas vidas quando Deus abre a porta do nosso cativeiro e nos mostra o caminho para a liberdade, em Cristo Jesus. A partir daí, é preciso que cada homem individualmente se arrependa e decida abandonar as prisões do pecado e viver em plena liberdade. Isso é a conversão.

A Deus toda honra e glória!

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