A questão do sofrimento e do regozijo

Dentro de nossa realidade, sofremos de inúmeras formas diferentes, às vezes por nossas escolhas erradas, às vezes pelos desígnios de Deus ou ainda por causa de ataques de Satanás.

Sofremos muito por causa da injustiça que nos cerca e que se materializa de muitas formas diferentes contra nós: violência, corrupção, e uma infinidade de coisas que, mesmo pequenas, nos trazem sofrimento.

Somos reféns de um sistema que é controlado (até certo ponto) pelas forças das trevas, pois o mundo jaz no maligno e isso já é suficiente para o nosso sofrimento, de uma forma ou de outra.

É absolutamente normal e bíblico que nós passemos por aflições, afinal está escrito:

“Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.” (João 16:33)

Embora a maioria, creio eu, reconheça sem maiores dificuldades que nós realmente teremos aflições no mundo, algumas vertentes do cristianismo não admitem essa possibilidade, nem mesmo qualquer tipo de sofrimento humano, defendendo que esses males são sempre resultado do castigo de Deus pela prática de algum pecado, o que não é verdade.

É fácil encontrar quem esteja passando agora por situações difíceis, seja na vida espiritual, no casamento, família, saúde, financeiro, afinal ninguém está livre de ser alcançado por algum mal. É uma condição natural do homem, a de padecer, por ser um sujeito falível, sujeito a enfermar, tomar decisões erradas e sofrer.

Se por um lado, é perfeitamente possível que os servos de Deus sofram com algum tipo de aflição, por outro, ter boa saúde, uma família feliz e abençoada, um bom emprego ou negócio e vida financeira abastada não é sinal de que a pessoa não seja serva de Deus.

Jó teve tudo isso e, ainda assim, foi tachado homem íntegro, reto e temente a Deus (Jó 1:1). Abraão, o pai da fé, também se tornou um homem riquíssimo (Gênesis 13).

Ser rico materialmente não é sinal de que a pessoa não “incomoda o inferno” ou nunca teve experiências com Deus, pelo suposto fato de nunca ter “passado pelo deserto”. Nem sempre o “deserto” na vida do cristão pode significar uma dificuldade na vida financeira.

Pessoas ricas ajudaram no ministério do Senhor Jesus Cristo e quando seu corpo foi deixado na cruz, apenas um rico chamado José, seguidor de Jesus, se dirigiu ousadamente a Pilatos para pedir o corpo do Senhor, a fim de levá-lo a um sepultamento digno, até que ressuscitasse ao terceiro dia.

Existe preconceito de ambos os lados, pois vemos algumas pessoas materialmente falidas fazendo de sua situação de pobreza (às vezes miséria) causa de ganho, como se a pobreza fosse condição indispensável para o alcance de um grau de santificação mais elevado. Por outro lado, vemos alguns ricos interpretando mal a situação dos menos abastados, julgando ser a condição de pobreza adquirida pela falta de temor a Deus.

Precisamos de entendimento nas Escrituras para nos proteger de interpretações equivocadas, que apenas nos levam a pecar ainda mais contra o nosso Deus e contra os irmãos.

Não estou defendendo o ensino da falsa “teologia da prosperidade”, que leva os incautos a buscarem a Deus apenas para melhorar a sua vida financeira; mas querendo desconstruir o inexplicável preconceito que alguns cristãos insistem em ter contra ricos e pobres.

Entendo, por fim, observando o exemplo de Jó e outras passagens da Bíblia, que o segredo para nós não murmurarmos contra Deus, por causa dos sofrimentos que nos sobrevêm, é o CONTENTAMENTO e o RECONHECIMENTO de que a graça de Deus nos basta!

Observe as duas referências abaixo e medite:

“Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; Todavia eu me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus da minha salvação.” (Habacuque 3:17,18)

“Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade.” (Filipenses 4:11,12)

Sejamos ricos ou pobres, Deus nos criou a todos nós. Nossa riqueza ou pobreza material não faz de nós mais ou menos importantes para Deus, que pode nos considerar ricos por outros motivos:

“Conheço as tuas obras, e tribulação, e pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que se dizem judeus, e não o são, mas são a sinagoga de Satanás.” (Apocalipse 2:9)

Mas quando o momento do anticristo chegar, inclusive com a implantação da Nova Ordem Mundial, à qual ele presidirá por um tempo, a adaptação à nova realidade, a de viver à margem da sociedade, excluído do sistema por não aceitar a marca da besta, impossibilitado até mesmo de comprar produtos de primeira necessidade, será ainda mais difícil para os ricos, porque estes estão mais acostumados a viverem com mais conforto.

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