Posso perder a salvação?

Para começar, observemos as seguintes declarações do Senhor Jesus Cristo:

“Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de MANEIRA NENHUMA o lançarei fora.” (João 6:37)

“As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; E dou-lhes a vida eterna, e NUNCA hão de perecer, e NINGUÉM as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que TODOS; e NINGUÉM pode arrebatá-las da mão de meu Pai.” (João 10:27-29)

Apenas por estas duas verdades ditas pelo Senhor Jesus Cristo, já podemos ter a certeza de que nenhum crente verdadeiramente salvo (eleito) jamais perderá a salvação.

Existem na Bíblia algumas passagens que falam sobre “eleição” e “predestinação”, as quais também estão em conformidade com as afirmações do Senhor Jesus Cristo e com a impossibilidade de um crente salvo perder a salvação.

A Bíblia registra que a eleição ocorreu ainda na fundação do mundo (Efésios 1:4-5, Romanos 8:29-30). Se é assim, não lhe parece estranho que a eleição (salvação) possa ser anulada mais tarde, durante o curto período de uma existência humana, mesmo o Senhor Jesus Cristo tendo dito que jamais lançaria alguém fora de sua presença?

Corroborando com as cartas de Paulo acima referidas, nós temos que o nome dos eleitos foi escrito no livro da vida desde a fundação do mundo. Observe:

“A besta que viste foi e já não é, e há de subir do abismo, e irá à perdição; e os que habitam na terra (cujos nomes não estão escritos no livro da vida, desde a fundação do mundo) se admirarão, vendo a besta que era e já não é, ainda que é.” (Apocalipse 17:8)

Ora, se o Deus das Escrituras Sagradas “não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa; porventura diria ele, e não o faria? Ou falaria, e não o confirmaria?” (Números 23:19), o que faz os defensores da salvação pelas obras argumentarem em sentido contrário?

Se alguém acredita na possibilidade da perda de salvação, então isso significa que essa pessoa não possui total confiança no sacrifício expiatório de Jesus Cristo (falta de fé), mas alguma confiança em si mesmo (obras), embora esteja escrito:

“Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor!” (Jeremias 17:5)

“Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades como um vento nos arrebatam.” (Isaías 64:6)

Se homens da envergadura de Jeremias e Isaías reconheceram as próprias limitações e atribuíram a Deus a glória pela salvação deles, por que não você, leitor?

Desde de que as congregações começaram a surgir, têm se reunido apenas dois tipos de pessoas: os salvos (eleitos antes da fundação do mundo), e os não salvos, como Judas, o filho da perdição:

“Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o FILHO DA PERDIÇÃO, para que a Escritura se cumprisse.” (João 17:12)

Na passagem acima, verificamos claramente que quem nos guarda e garante a nossa salvação é o próprio Senhor Jesus. A todos aqueles que o Senhor guardou, o resultado foi este: “nenhum deles se perdeu”. A glória é portanto dele, e não nossa. A salvação é pela graça, e não pelas obras.

Judas não “perdeu a salvação”. Na verdade, ele nunca a teve. Desde o início, ele o foi o “filho da perdição”. Não faria sentido Deus incluir Judas na lista de salvos para depois excluí-lo mais tarde. Quando chamou Judas, Cristo já sabia que por ele seria traído e que ele era um filho da perdição.  

Estas coisas estão determinadas desde o tempo da fundação do mundo e não é agora que irão mudar. Acerca disso, Paulo ditou e Tércio (Rm 16:22) escreveu da seguinte forma:

“Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para HONRA e outro para DESONRA? E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os VASOS DA IRA, preparados para a perdição; Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos VASOS DE MISERICÓRDIA, que para glória já dantes preparou, Os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?” (Romanos 9:20-24)

O texto acima está em perfeita harmonia com este outro:

“Como o vaso, que ele fazia de barro, quebrou-se na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme o que pareceu bem aos olhos do oleiro fazer. Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? diz o Senhor. Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel.” (Jeremias 18:4-6)

Embora seja impossível que um eleito perca a salvação, todavia este poderá perder temporariamente a COMUNHÃO (mas o Senhor o fará retornar), o GALARDÃO (parcialmente ou totalmente) e até a própria VIDA (morte física do corpo, mas com a salvação do espírito).

1 – A PERDA DA COMUNHÃO:

Comunhão tem origem na palavra grega Koinonia, que significa ter em comum, fazer em comum, companheirismo, relacionamento, participação.

O homem pode perder a comunhão com Deus por causa da prática de algum pecado.

“E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, e não há nele trevas nenhumas. Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos em trevas, mentimos, e não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.” (1 João 1:5-7)

Se alguém diz que tem comunhão com Deus, mas anda em trevas, essa pessoa está mentindo. Na verdade, ela não tem comunhão com Deus.

Quando o homem perde a comunhão com Deus, o resultado é este:

“Por estas coisas eu ando chorando; os meus olhos, os meus olhos se desfazem em águas; porque se afastou de mim o consolador que devia restaurar a minha alma; os meus filhos estão assolados, porque prevaleceu o inimigo.” (Lamentações 1:16)

O pecado ocasiona a perda de comunhão, e não a perda da salvação do eleito, o qual foi escolhido ainda antes da fundação do mundo. Nós estamos em comunhão quando investimos tempo na leitura da Palavra, na oração e estamos no exercício da boa vontade de Deus.

“E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.” (Atos 2:42)

Não devemos confundir perda de comunhão com perda de salvação, que são coisas muito distintas. Se tivessem sentido semelhante, nenhum de nós poderia crer no fato de sermos salvos, pois todos somos pecadores:

“Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus.” Romanos 3:23-26

Mesmo que você esteja arrependido, você ainda é um pecador. Que tipo de parâmetros Deus usaria para definir se alguém é salvo ou não, se a nossa própria natureza, a nossa inclinação (a da carne) é sempre para o pecado, mesmo depois de nos tornarmos templo do Espírito de Deus?

“Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós.” 1 João 1:8-10.

Se o homem pode “perder a salvação” por alguma obra que realize, então seremos forçados a reconhecer que se o homem for salvo, isso será por merecimento. Nesse caso, a glória pela salvação do homem deveria ser dada ao próprio homem. Veja o problema desse falso ensino, que começou com o catolicismo romano e que se perpetua até agora.

“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e ISTO NÃO VEM DE VÓS, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” (Efésios 2:8-10)

2 – A PERDA DO GALARDÃO:

Embora seja impossível um salvo perder a salvação, todavia o mesmo não se pode falar do galardão.

Existem diferentes tipos de galardão (Mateus 10:41), os quais serão concedidos também em diferentes medidas aos salvos (Lucas 6:23), ou até mesmo diminuídos ou perdidos completamente:

“Olhai por vós mesmos, para que não percamos o que temos ganho, antes recebamos o inteiro galardão.” (2 João 1:8)

“A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo.” (1 Coríntios 3:13-15)

Dependendo da atitude do cristão, a obra que ele realizou na terra sofrerá detrimento, mas ainda assim o tal, por causa da promessa de Deus (e não do merecimento do homem), será salvo, conforme a Escritura.

3 – A VIDA:

Se o eleito insistir no erro, Deus poderá recolher essa vida para si, e isso pode acontecer de uma forma bem desagradável para o crente. Observe o exemplo abaixo:

“Geralmente se ouve que há entre vós fornicação, e fornicação tal, que nem ainda entre os gentios se nomeia, como é haver quem possua a mulher de seu pai. Estais ensoberbecidos, e nem ao menos vos entristecestes por não ter sido dentre vós tirado quem cometeu tal ação. Eu, na verdade, ainda que ausente no corpo, mas presente no espírito, já determinei, como se estivesse presente, que o que tal ato praticou, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, juntos vós e o meu espírito, pelo poder de nosso Senhor Jesus Cristo, seja, este tal, entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus.” (1 Coríntios 5:1-5)

O texto é muito claro ao dizer que o crente eleito será entregue a Satanás para destruição da carne (o salário do pecado é a morte), mas para que o espírito seja salvo no dia do Senhor.

Um salvo pode perder a comunhão, o galardão e a vida, mas jamais a salvação. A responsabilidade pela dádiva da salvação não foi franqueada aos homens. É dom exclusivo de Deus!

O autêntico crente salvo será preservado e preparado por Deus até o fim para a salvação:

“O qual vos confirmará também até ao fim, para serdes irrepreensíveis no dia de nosso Senhor Jesus Cristo.” (1 Coríntios 1:8)

“Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério que desde tempos eternos esteve oculto” (Romanos 16:25)

“E o Deus de toda a graça, que em Cristo Jesus nos chamou à sua eterna glória, depois de havemos padecido um pouco, ELE MESMO vos aperfeiçoe, confirme, fortifique e estabeleça.” (1 Pedro 5:10)

Não há porque acreditarmos em nossos próprios méritos, mas sim nos de Deus, pois o resgate foi efetuado por Ele, e não por nós. Ele nos comprou e somos propriedade dele.

“E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue nos compraste para Deus de toda a tribo, e língua, e povo, e nação;” (Apocalipse 5:9)

Quem acredita na possibilidade da perda de salvação inevitavelmente reconhece que o Senhor Jesus Cristo não é poderoso o suficiente para guardar o “patrimônio” que Ele adquiriu com o alto preço de seu próprio sangue: nossas vidas! Para a nossa sorte, Ele não pode ser roubado!

“E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão.” (João 10:28)

LIDANDO COM AS “APARENTES CONTRADIÇÕES”

Como a Bíblia não entra em contradição, existe sempre alguma explicação para cada caso.

Para isso, é preciso examinar as Escrituras Sagradas sob a ótica da imparcialidade, com a direção indispensável do Espírito de Deus.

Em cada leitura, observemos o contexto. Qual o momento histórico? A quem a palavra está dirigida? À igreja? Israel? Aos judeus que professam fé cristã? Aos gentios?

A Bíblia não pode ser considerada apenas pelo seu Velho e Novo Testamento. O fato de um texto estar presente no Novo Testamento não o torna regra para a igreja. O simples fato de um texto constar no Velho Testamento não o torna inaplicável à igreja.

Para defender o mérito humano na salvação, as pessoas costumam distorcer algumas passagens ou aplicar algumas delas sem observar o seu contexto de forma correta.

Existem muitos versículos que mereceriam atenção destacada, mas para que o texto não fique ainda maior, vamos aos mais lembrados:

1 – “Mas aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo.” (Mateus 24:13)

Realmente será salvo apenas quem perseverar até o fim, mas tenha em mente que você só conseguirá perseverar por que Jesus está te capacitando pra isso, pois Ele também disse: “porque sem mim nada podeis fazer” (João 15:5).

O eleito (trigo) permanecerá até o fim, mas o intruso (joio) não permanecerá.

“Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos. E vós possuís unção que vem do Santo e todos tendes conhecimento.” 1 João 2:19-20 ARA

No mais, a quem deverá ser concedida a glória pela nossa permanência? Aos homens ou a Deus, que é o autor e também o consumador da nossa fé?

2 – “Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, E provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério.” (Hebreus 6:4-6)

A referência não está relacionada à reincidência na prática de algum pecado, mas sim aos judeus que professaram fé cristã e depois voltaram para o judaísmo. Lembre-se de que a carta foi dirigida aos “Hebreus”. A carta está dirigida aos homens que declararam possuir fé cristã, mas apenas de boca, pois a confiança deles sempre esteve nas obras da lei, e não na graça e poder de Deus.

“Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós.” (1 João 2:19)

Esses falsos cristãos judeus estavam infiltrados na igreja apenas para desviar os demais do verdadeiro caminho:

“Porquanto ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras, e transtornaram as vossas almas, dizendo que deveis circuncidar-vos e guardar a lei, não lhes tendo nós dado mandamento” (Atos 15:24)

Se o termo “recair” estivesse associado à reincidência de alguma prática pecaminosa, certamente se tornaria absurdo e insustentável o seguinte ensinamento de Jesus:

“Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete.” (Mateus 18:21,22)

Perceba que a Palavra de Deus não possui contradição alguma.

Pedro cometeu um gravíssimo pecado ao negar o Salvador com juramento. Mesmo assim ele nunca deixou de ser um escolhido de Deus, ao contrário de Judas. Prova disso é que logo Pedro se arrependeu do pecado, voltando a ter comunhão com Deus.

Mais tarde, Pedro voltou a pecar novamente, desta vez por agir com dissimulação, sendo achado digno de receber uma repreensão do apóstolo Paulo (Gálatas 2:11-16). Por causa disso, deveríamos crer que seria impossível Pedro ser renovado para arrependimento?

Não é essa a mensagem que Hebreus 6:4-6 quer transmitir, e nem muito menos sobre a possibilidade de perda de salvação. Ninguém pode perder algo que jamais possuiu e esse era o caso dos judeus que queriam se justificar pelas obras da lei, e não pela graça.

Esses hebreus “foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro”, mas recaíram para o judaísmo e para a lei. Se isso não bastasse, eles ainda queriam levar outros para esse outro caminho.

Se você crer que a sua salvação pode ser perdida (e Cristo já disse que isso não é possível), então infelizmente você ainda não possui a fé genuína para a salvação, a que atribui ao sacrifício de Cristo verdadeiro valor e poder para o resgate das nossas vidas.

3 – “Agora, pois, perdoa o seu pecado; se não, risca-me, peço-te, do teu livro, que tens escrito. Então disse o Senhor a Moisés: Aquele que pecar contra mim, a este riscarei do meu livro.” (Êxodo 32:32,33)

No contexto de Êxodo 32, o povo se aparta do Deus verdadeiro para servir a imagem de um ídolo. Diante dessa situação, Moisés intercede por eles e pede a Deus que risque o seu próprio nome do “livro”. Em resposta Deus diz “aquele que pecar contra mim, a este riscarei do meu livro”.

Seguramente o livro citado nessa referência não é o mesmo livro da vida que está nas mãos do Cordeiro de Deus (Apocalipse 21:27). Deste, é impossível que um nome seja riscado, como veremos a seguir, do contrário Cristo jamais poderia ter dito:

“Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora.” (João 6:37)

Do livro que registra as pessoas vivas, realmente os nomes podem ser apagados, isso é um fato. É deste livro a que Moisés se refere, sugerindo a Deus que ele seja levado no lugar dos demais. Ter o nome riscado desse livro significa ter a sua vida interrompida, e isso pode muito bem acontecer por causa do pecado, “porque o salário do pecado é a morte (…)” (Romanos 6:23).

Também o rei Davi escreveu sobre o “livro dos vivos” e sobre a possibilidade de o nome ser riscado dele:

“Sejam riscados do livro dos vivos, e não sejam inscritos com os justos.” (Salmos 69:28)

Não confundamos o “livro dos vivos”, citado por Moisés e Davi, com o “livro da vida”, citado em Apocalipse. Analisemos a revelação de Cristo e o que Ele diz sobre o livro da vida:

“O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos.” (Apocalipse 3:5)

Jesus diz que somente os vencedores terão o direito de serem vestidos com vestes brancas e de jamais terem seus nomes riscados do livro da vida.

Para quem acredita em salvação pelas obras, o versículo acima quer dizer que alguém pode “vencer” ou “perder” e que o nome da pessoa pode ser “conservado” ou “riscado”, com base em suas obras (salvação pelas obras – glorificação da carne).

Mas quem realmente acredita em salvação pela graça e no poder que Deus exerce para conservar os salvos, ao ver o mesmo versículo acima entende que o próprio Senhor Jesus é quem dá a vitória aos eleitos e a quem ele der a vitória, essa pessoa não terá o seu nome riscado.

“Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo.” (1 Coríntios 15:57)

Se eu me julgo capaz de vencer por meus próprios méritos ou se me julgo salvo por causa de algumas boas obras que pratiquei no decorrer da minha vida, eu, na verdade, estou acreditando em salvação por meio das obras, e não pela fé.

Quem é que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?” (1 João 5:5)

“Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé.” (1 João 5:4) [e não as nossas obras, merecimento)

A vitória vem de Deus, pela fé, que também vem de Deus.

“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.” (Efésios 2:8)

Em Apocalipse 3:5, Jesus Cristo está dizendo que o crente que vence (e a vitória só pode vir de Deus) jamais terá o nome riscado do livro da vida. Isso está completamente em acordo com João 6:37.

Não faria sentido Deus escrever um nome no livro da vida, ainda na fundação do mundo, e depois riscá-lo, durante o período de vida do indivíduo, ou até mesmo reescrevê-lo. Isso seria verdade se Deus não fosse poderoso para garantir a salvação de seus eleitos, algo que Ele determinou há muito tempo.

4 – “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.” (Mateus 7:21-23)

O tema central em Mateus 7:21-23 não é a salvação por mérito, mas a salvação dos “conhecidos” (eleitos). Quando Jesus diz “nunca vos conheci”, isso Ele diz para os “não eleitos”. Eles foram recusados, mas não por causa apenas do pecado que praticavam (nós também pecamos), mas porque eles nunca se arrependiam, por não serem eleitos desde o princípio.

Mesmo os escolhidos também pecam e consequentemente praticam iniquidade. A diferença aqui é que eles se arrependem e são justificados, de acordo com a eleição da graça de Deus.

Abraão matou homens (Gênesis 14, Hebreus 7), sem uma ordem expressa de Deus; mentiu sobre Sara, dizendo ser ela sua irmã (embora fosse mesmo por parte de pai, Gn 20:12), e não sua esposa (Gênesis 20:2); deitou com mulher estranha (Gênesis 16:1-2), sem que este fosse o plano de Deus.

Sanção causou a morte dos filisteus e a própria (suicídio?), motivado apenas pelo sentimento de vingança pela perda de seus dois olhos (Juízes 16:28-30).

Davi cometeu inúmeros erros ao longo de sua vida. Planejou a morte de Urias para ficar com Bate-Seba, a esposa do heteu. No dia em que viu Bate-Seba se banhando, o rei deveria estar à frente do exército na batalha, conforme determinava a lei (Dt 20), mas preferiu ficar na casa real, o que lhe serviu de tropeço para desejar a mulher do próximo, que era formosa. Diante de Aquis, Davi fingiu ser louco, num teatro que incluía encenação para parecer louco (1 Samuel 21:10-15). Mais tarde, como se não bastasse, teve ainda a capacidade de se alistar no exército filisteu, o mesmo exército de onde saíra o gigante Golias (morto pelo próprio Davi), para combater contra a própria nação (1 Samuel 28-1 a 1 Samuel 29:4).

Apesar de todos esses homens terem praticado o pecado (iniquidade), ainda assim, todos eles foram considerados heróis da fé (Hebreus 11). O segredo deles para vencerem foi a fé em Deus. Eles confiaram no Senhor, e não em suas próprias obras. Eles acreditaram no poder de Deus para salvar, e não em suas próprias capacidades, que é uma característica de quem acredita que pode perder a salvação.

Na mensagem, Jesus não se dirigiu aos crentes eleitos, os quais Ele conheceu desde a fundação do mundo e os justificará (Romanos 8:33), lavará e santificará (1 Coríntios 6:11) e confirmará (1 Coríntios 1:8, Romanos 16:25, 1 Pedro 5:10), até o grande dia do encontro da igreja com o Senhor.

As pessoas a quem Jesus se refere em Mateus 7:21-23 jamais tiveram fé em Deus para salvação, mas antes confiaram em si mesmas, acreditaram nas próprias obras!

Por isso elas dirão “profetizamos, expulsamos demônios, fizemos maravilhas!”. De fato, elas nunca compreenderam exatamente o significado da palavra “graça”. Essas pessoas pregaram um outro evangelho (salvação pelas obras), anulando a graça de Deus e o poder do sacrifício de Cristo.

Justificar-se pelas obras é inútil, como vimos. O mais certo a fazer é se humilhar reconhecendo os seus pecados, como o pobre pecador crucificado ao lado de Jesus (Lucas 24) e o publicano da parábola (Lucas 18), que desceu justificado para casa após ter clamado pela misericórdia de Deus!

Deus conhece o homem, mesmo antes de seu nascimento. Também já determinou todas as coisas, muito antes de começarmos a existir:

“Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta.” (Jeremias 1:5)

O Deus da Bíblia é o Deus que convence o homem do pecado (João 16:8), que muda o coração do homem (Ezequiel 36:26), que faz o homem como quer (Jeremias 18:6), cujos propósitos não podem ser impedidos (Jó 42:2), que tem a Palavra que não volta vazia (Isaías 55:11), que opera o querer e o efetuar (Filipenses 2:13), que tem absolutamente todo o poder e autoridade nos céus e na terra (Mateus 28:18) para executar toda a vontade DELE. Ele é o Deus de quem nós dependemos para sermos salvos:

“Cura-me, Senhor, e sararei; salva-me, e serei salvo; porque tu és o meu louvor.” (Jeremias 17:14)

“Porque o Senhor é o nosso Juiz; o Senhor é o nosso legislador; o Senhor é o nosso rei, ele nos salvará.” (Isaías 33:22)

“Ó minha alma, espera somente em Deus, porque dele vem a minha esperança. Só ele é a minha rocha e a minha salvação; é a minha defesa; não serei abalado. Em Deus está a minha salvação e a minha glória; a rocha da minha fortaleza, e o meu refúgio estão em Deus.” (Salmos 62:5-7)

Se a salvação pode ser perdida pelo crente salvo, isso significa que se o crente se salva, Deus terá que dividir a glória pelo mérito na salvação conosco. Mas a glória de Deus não pode ser dividida com ninguém (Isaías 42:8)!

Os defensores da salvação pelas obras, na falta de argumentos bíblicos, costumam dizer:

“Se eu não posso perder a salvação, então eu vou poder viver no pecado.”

Se alguém é capaz de chegar a este raciocínio, aproveitar a condição de salvo e a impossibilidade de perder a salvação para pecar à vontade é porque certamente nunca foi um eleito. Pessoas que pensam assim passaram a vida toda procurando obedecer a Deus apenas por causa do medo da condenação, e não por gratidão e amor.

Para responder esse tipo de entendimento maligno, Paulo escreveu:

“Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?” (Romanos 6:1,2)

Escreveu ainda:

“Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça. Pois que? Pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum.” (Romanos 6:14,15)

O crente salvo e consciente de que a sua salvação é garantida pelo Senhor Jesus entendeu o significado da palavra “Evangelho” (boa notícia) e não vive com medo e incerteza, mas goza de paz e esperança, porque sabe que pode contar com o Advogado que não perde causa.

“Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo.” (1 João 2:1)

“Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” (Romanos 8:38,39)

Nenhuma criatura poderá nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, o qual realizou a consumação de toda a sua obra, ainda na cruz do calvário.

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