Após a morte e ressurreição de Cristo, o período da justificação pela lei foi substituído pela justificação pela graça, pela fé no sangue do Senhor Jesus Cristo (Romanos 3:25).
Acerca disso, Paulo escreveu aos gálatas:
“Ó insensatos gálatas! quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade, a vós, perante os olhos de quem Jesus Cristo foi evidenciado, crucificado, entre vós? Só quisera saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne? Será em vão que tenhais padecido tanto? Se é que isso também foi em vão. Aquele, pois, que vos dá o Espírito, e que opera maravilhas entre vós, o faz pelas obras da lei, ou pela pregação da fé?” (Gálatas 3:1-6)
E também aos efésios:
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.” (Efésios 2:8)
Isso quer dizer que ninguém será salvo por merecimento ou por causa de seu próprio esforço, mas por causa do esforço de Deus, por causa do sacrifício de Deus, que derramou o seu próprio sangue, para remissão dos pecados dos escolhidos:
“Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue.” (Atos 20:28)
Mesmo assim, desde o início da formação da igreja, sempre apareceram homens dispostos a desprezar a graça de Deus, em benefício de uma justificação pelas obras da lei.
“E isto por causa dos falsos irmãos que se intrometeram, e secretamente entraram a espiar a nossa liberdade, que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão;” (Gálatas 2:4)
O apóstolo Paulo teve muito trabalho com esse tipo de gente. Numa ocasião, foi preciso reunir a igreja para rebater as doutrinas enganosas que estavam se propagando naquele meio:
“Então alguns que tinham descido da Judéia ensinavam assim os irmãos: Se não vos circuncidardes conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos. Tendo tido Paulo e Barnabé não pequena discussão e contenda contra eles, resolveu-se que Paulo e Barnabé, e alguns dentre eles, subissem a Jerusalém, aos apóstolos e aos anciãos, sobre aquela questão.” (Atos 15:1-3)
Nesse tipo de situação, é preferível uma grande discussão e contenda, ao silêncio e aceitação da livre pregação do engano e da mentira.
“E até importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós.” (1 Coríntios 11:19)
O problema de crer na justificação pelas obras da lei é gravíssimo, pois se o tal escorregar em um só ponto da lei, ele já será considerado culpado de todo o restante:
“Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos.” (Tiago 2:10)
Todos aqueles que condicionam a salvação ao cumprimento de alguma ordenança legal estão cometendo o mesmo erro dos falsos irmãos que se infiltraram na igreja da Galácia e daqueles outros oriundos da Judéia (Atos 15:1-2).
Um exemplo de legalismo é dizer que apenas os dizimistas serão salvos. Além de ser impossível que um cristão seja dizimista (porque não há mandamento para a igreja nesse sentido), mesmo que houvesse essa possibilidade, ainda assim, obviamente este não seria um pré-requisito para salvação.
Crer nisso é o mesmo que negar o Senhor Jesus Cristo, que disse:
“E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida.” (Apocalipse 22:17-18)
Não é por acaso que Deus usou o apóstolo Pedro para dizer:
“E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade. E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita.” (2 Pedro 2:1-3)
Os cristãos legalistas se preocupam tanto com as observâncias dos mandamentos legais que se esquecem de dar graças a Deus pelo único sacrifício que é capaz de resgatar os homens da condenação certa, eterna e merecida do homem ao inferno.
No entanto, se vivemos pela graça, não usemos isso como desculpa para viver no pecado. Porque se por um lado, é necessário que acreditemos na salvação pela graça, por outro, precisamos crer que a graça de Deus não nos permite viver a vida cristã de forma leviana. Por isso, foi escrito:
“Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor.” (Gálatas 5:13)
Não nos esqueçamos de que será impossível ver o Senhor sem a santificação (Hebreus 12:14). Mas se alcançamos a santificação (1 Timóteo 4:5), isso não aconteceu por mérito próprio, mas por mérito de Deus:
Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra” (Efésios 5:25-27)
A salvação jamais será obtida por um esforço ou merecimento humano, porque isso é impossível ao homem (Mateus 19:26). Porém para Deus, todas as coisas são possíveis.