A falsa teologia da prosperidade

É indiscutível o fato de já estarmos vivendo o período da apostasia na igreja, conforme profetizado em 2 Tessalonicenses 2:3. Um dos fatores que contribuem para o cumprimento dessa profecia é o aumento do número de adeptos à teologia da prosperidade financeira.

O Evangelho genuíno é aquele que tem o Senhor Jesus Cristo como o tema central da pregação. A partir do momento em que outros assuntos passam a ter maior importância do que o próprio Senhor Jesus, estaremos diante de uma situação de apostasia (desvio da verdadeira fé).

Com a teologia da prosperidade, o assunto principal é o dinheiro e o que fazer para consegui-lo mais. O fim da teologia da prosperidade é, portanto, o enriquecimento pessoal, como o próprio nome sugere.

Será que esse “evangelho”, que não é Cristocêntrico, é o Evangelho que Jesus Cristo mandou os seus discípulos pregarem por todo o mundo (Marcos 16:15)?

É evidente que não.

“Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.” (Gálatas 1:8-9)

Antes de ser elevado ás alturas, o Senhor Jesus Cristo deixou uma coisa muito clara:

“Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.” (Atos 1:8)

Ser testemunha de Jesus é falar sobre o Senhor, sobre sua morte na cruz e sobre a sua ressurreição, anunciando a mensagem de arrependimento e de fé no seu nome. O que a doutrina da prosperidade tem a ver com a ordem do Senhor Jesus Cristo? Nada.

Procurando definir a teologia da prosperidade da forma mais transparente possível, ela é o ensinamento de que Deus se vê obrigado a recompensar financeiramente a pessoa que, de alguma forma, contribuiu para a obra de Deus.

Por causa disso, as pessoas são maliciosamente induzidas a colaborar com valores cada vez maiores, caso desejem também receber de Deus um “retorno” cada vez maior.

É bem verdade que Deus recompensa e sustenta as pessoas que confiam nEle, mas isso não quer dizer que Deus esteja obrigado ou disposto a enriquecê-las materialmente, como querem os defensores da teologia da prosperidade.

Para justificar esse pensamento equivocado, os adeptos dessa doutrina costumam utilizar o capítulo 3 de Malaquias:

“Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes.” (Malaquias 3:10-11)

Se observarmos esse versículo de forma isolada, realmente poderíamos chegar a uma interpretação favorável à teologia da prosperidade.

O grande problema é que o destinatário dessa mensagem é o povo de Israel, e não os povos gentios (pessoas de outras nações), que seriam apenas expectadores do que Deus haveria de fazer com aquela nação:

“E todas as nações vos chamarão bem-aventurados; porque vós sereis uma terra deleitosa, diz o Senhor dos Exércitos.” (Malaquias 3:12-13)

Malaquias 3:10-11 também não se aplica aos seguidores de Jesus Cristo. Para estes, Jesus deu ordens muito diferentes e incompatíveis com a promessa realizada pelo último profeta do Velho Testamento.

“Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam;” (Mateus 6:19)

Não é possível conciliar a promessa de prosperidade em Malaquias com essa ordem de Jesus. Numa, Deus prometeu muita riqueza para aqueles que levassem os seus dízimos e ofertas à Casa do Tesouro (não existe mais Casa do Tesouro). Porém na outra, o Senhor nos dá ordem expressa contra o acúmulo de riquezas materiais.

Apesar de ser considerado um problema recente, a doutrina da prosperidade financeira é praticamente tão antiga quanto o próprio surgimento da igreja. Por causa disso, o apóstolo Paulo escreveu o seguinte texto:

“Se alguém ensina alguma outra doutrina, e se não conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade, é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas, perversas contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho; aparta-te dos tais. Mas é grande ganho a piedade com contentamento. Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína.” (1 Timóteo 6:3-9)

De acordo com as Escrituras:

“O Senhor empobrece e enriquece; abaixa e também exalta.” (1 Samuel 2:7)

Isso depende da vontade de Deus, e não do vil desejo humano, que está mais voltado para a satisfação dos deleites pessoais do que para o bem daqueles que perecem por toda a parte:

“Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites.” (Tiago 4:3-4)

Se alguém vai a Cristo por causa dos bens que Ele pode oferecer, e não por causa do próprio Senhor Jesus, está cometendo o mesmo erro daquelas pessoas que atravessaram o mar apenas por causa dos pães que foram multiplicados.

“Jesus respondeu-lhes e disse: Na verdade, na verdade vos digo que me buscais, não pelos sinais que vistes, mas porque comestes do pão e vos saciastes. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; porque a este o Pai, Deus, o selou.” (João 6:26-28).

À luz da teologia da prosperidade, podemos considerar os apóstolos do Senhor Jesus Cristo homens fracassados.

Pedro não tinha ouro nem prata para ajudar o pobre homem coxo colocado à porta do Templo, para pedir esmola (Atos 3:1-6).

Paulo enfrentou até mesmo a fome, certamente porque em algum momento lhe faltou o dinheiro para comprar comida. Sem dúvida alguma, ele sabia o que era ter em abundância e também o que era passar fome (Filipenses 4:12), não obstante o fato de ele ter sido o último apóstolo chamado pelo próprio Senhor Jesus Cristo.

“Até esta presente hora sofremos fome, e sede, e estamos nus, e recebemos bofetadas, e não temos pousada certa, e nos afadigamos, trabalhando com nossas próprias mãos. Somos injuriados, e bendizemos; somos perseguidos, e sofremos; Somos blasfemados, e rogamos; até ao presente temos chegado a ser como o lixo deste mundo, e como a escória de todos.” 1 Coríntios 4:11-13)

Para finalizar esse texto, observemos duas cartas do texto de Apocalipse, uma dirigida a pessoas pobres e outra a pessoas ricas. Em qual desses grupos você desejaria estar?

“E ao anjo da igreja de Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca. Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu;” (Apocalipse 3:14-17)

“E ao anjo da igreja em Esmirna, escreve: Isto diz o primeiro e o último, que foi morto, e reviveu: Conheço as tuas obras, e tribulação, e pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que se dizem judeus, e não o são, mas são a sinagoga de Satanás. Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.” (Apocalipse 2:8-10)

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