Na vida secular, certos atos exigem o cumprimento de formalidades, seguindo ritos previamente estabelecidos.
Por exemplo, se você deseja adquirir um automóvel ou um imóvel, casar, obter um diploma de nível superior, doar um bem, fazer um testamento ou mesmo constituir uma empresa, deverá seguir uma série de procedimentos formais, a fim de que o ato seja legítimo e tenha validade diante da sociedade.
Da mesma forma, para receber Jesus, algumas formalidades também devem ser observadas e certos requisitos precisam ser satisfeitos.
Segundo as Escrituras Sagradas, quem deseja entregar a vida ao Senhor Jesus deve arrepender-se de seus pecados:
“Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te. Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei até ele, e com ele cearei, e ele comigo.” Apocalipse 3:19,20

Quando a pessoa se arrepende, e isso acontece porque o Senhor Jesus está batendo à porta do coração, ela finalmente se abre para o Salvador. A partir desse momento, uma série de mudanças e transformações começa a acontecer na vida do crente.
Além do arrependimento, o ato de receber Jesus requer também a confissão pública, diante dos homens, conforme ensina o Evangelho:
“Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus. Mas qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei também diante de meu Pai, que está nos céus.” Mateus 10:32,33
O apóstolo Paulo reforça essa verdade, ensinando que é necessário crer com o coração e confessar com a boca (Romanos 10:9–10), ou seja, declarar com as próprias palavras:
“Eu creio que Jesus é o Filho Unigênito de Deus e O confesso como meu Senhor e único Salvador.”
A palavra falada produz efeitos reais — não apenas na confissão, mas também na oração e em todo ato de fé:
“Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Em verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não só fareis o que foi feito à figueira, mas até se a este monte disserdes: Ergue-te, e precipita-te no mar, assim será feito;” Mateus 21:21
Aceitar ou receber Jesus?
Quanto à confissão pública, há ainda uma outra formalidade pouco observada, mas de grande importância.
Muitos acreditam que “aceitar o Senhor Jesus” é o mesmo que “recebê-lo”. Alguns pregadores concluem o sermão dizendo: “Quem quer aceitar Jesus?”
No entanto, essa expressão não reflete com precisão o ensinamento bíblico:
“Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome;” João 1:11,12
A palavra traduzida por “receberam” é λαμβάνω (lambánō), que significa literalmente: “tomar, acolher, apropriar-se, aceitar de modo ativo e consciente.”
Nesse sentido, “receber” não é apenas concordar mentalmente, mas acolher e unir-se àquele que é recebido. Trata-se de um verbo ativo, que expressa envolvimento e identificação.
Aceitar Jesus pode apresentar um sentido semântico equivalente ao de “eu concordo que Ele é o Salvador”, recebê-lo, porém, é dizer “eu me uno a Ele e passo a pertencer-Lhe”.
O resultado de recebê-lo
Quem recebe o Senhor Jesus deixa de ser apenas criatura (Marcos 16:15) e se torna filho de Deus (João 1:12).
Isso significa que o título de “filho do diabo”, o qual também aparece na Bíblia, não se aplica àqueles que verdadeiramente receberam o Senhor Jesus em suas vidas — pois foram feitos filhos de Deus.
Mas quem apenas “aceitou” Jesus de modo superficial, sem arrependimento e fé genuína, permanece na antiga filiação, porque não cumpriu os requisitos espirituais estabelecidos pela Palavra.
Por isso, a Bíblia mostra que, dentro da mesma congregação, há vasos de honra e de desonra, trigo e joio, filhos de Deus e filhos do diabo — porque nem todos realmente receberam o Senhor Jesus e foram regenerados.
Um “filho do diabo”, assim como os demônios, pode reconhecer (aceitar) que Jesus é o Filho de Deus (cf. Mateus 8:28–29; Marcos 1:23–24; Lucas 4:33–34), mas tal reconhecimento não nasce do arrependimento nem resulta em salvação.
A presença do Espírito Santo
Antes de receber o Senhor Jesus, o coração humano está vazio — ou, pior, ocupado por forças malignas (Lucas 11:24–26).
Somente ao recebê-lo é que o processo de libertação (João 8:32,36) começa, e o Espírito Santo passa a habitar no crente (Efésios 2:20–22; João 14:23–26; 1 Coríntios 6:19), conduzindo a transformação e o aperfeiçoamento contínuo (1 Pedro 5:10).
Dedicação exclusiva
Receber o Senhor Jesus é mais do que um ato de fé, mas também um ato de entrega total. Não há espaço para outros mediadores, santos ou padroeiros, pois há um só Caminho (João 14:6) e um só Mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo homem (1 Timóteo 2:5), que morreu e ressuscitou ao terceiro dia (1 Coríntios 15:3–4) para nos salvar.
É por isso que o Senhor nos convida para si mesmo, e não para uma outra pessoa:
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” Mateus 11:28-30
Se alguém deseja realmente recebê-lo, deve abrir mão de toda devoção concorrente e conceder a Ele o primeiro e único lugar no coração.
Da mesma forma que a glória de Deus preenche toda a terra (Isaías 6:3), Jesus quer ocupar por completo a sua vida, sem concorrência (João 15:4–5, Mateus 6:24, Gálatas 2:20).
Conclusão
Se você deseja entregar sua vida ao Senhor Jesus, siga o caminho que o Evangelho ensina:
arrepender-se, recebê-lo e confessá-lo publicamente, para que o mundo visível e o espiritual (Lucas 15:10) sejam testemunhas da sua fé.
Manifeste sua fé em Cristo também por meio de suas ações, para que o mundo veja que sua vida pertence ao Senhor — e, assim, o Pai seja glorificado.
Lembre-se:
Jesus não quer ser apenas aceito como uma ideia, mas recebido como Senhor da sua vida.
Ele deseja habitar plenamente em você, guiando cada decisão, passo e pensamento — até que toda a sua vida seja para a glória de Deus.
Procure o mais rápido possível o batismo nas águas, que é também um sinal público de confissão. Sobre esse assunto, recomendo que acesse esse outro estudo.



