“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.” Mateus 11:28-29
O conhecimento e aplicação prática da verdade mencionada acima bastaria para curar toda a espécie de doenças da alma, inclusive aquelas que levam o homem ao suicídio.
O suicídio é um ato de desespero, a decisão radical de pôr fim à própria existência, sem levar em conta as consequências após o ato, tanto para si mesmo, quanto para os parentes e amigos mais próximos que permanecem no mundo. Definitivamente o suicídio não é solução para problema algum.
A prática do suicídio é muito antiga. O primeiro relato bíblico envolvendo esse tipo de morte ocorreu com o primeiro rei de Israel, Saul. O evento está relatado no livro 1 Samuel 31:1-4 e indica que o motivo do incidente foi o medo de ele ser capturado pelo exército filisteu. Na ocasião, o rei Saul se arremessou sobre uma espada, tirando a própria vida.
A Bíblia fala ainda sobre outras pessoas que também encerraram a própria existência, sendo elas:
- Escudeiro de Saul: Após ver que Saul havia se matado, também se suicidou da mesma forma (1 Samuel 31:5).
- Aitofel: Um conselheiro do rei Davi, que, após trair o rei e perceber que seus conselhos não seriam seguidos por Absalão, foi para casa, colocou suas coisas em ordem e se enforcou (2 Samuel 17:23).
- Zinri: Um rei de Israel que, ao perceber que havia perdido o trono, incendiou o palácio onde estava e morreu no incêndio (1 Reis 16:18).
- Sansão: Um juiz que, amarrado a duas colunas de um templo pagão filisteu, derrubou-as matando a si mesmo e os filisteus que ali estavam (Juízes 16:30).
- Judas: Tirou a própria vida enforcando-se, após ter traído o Senhor Jesus Cristo, em troca de trinta moedas.
Dentre os motivos que determinaram a prática do suicídio nos casos mencionados acima, temos o medo de Saul, seu escudeiro e Razias, o remorso de Judas, a frustração de Aitofel, o desejo de vingança de Sansão e a perda de poder de Zinri. À exceção de Razias e do escudeiro de Saul, por falta de mais dados sobre ele, todos os demais apresentaram um histórico de rebelião contra Deus em algum momento de suas vidas.
Com o passar do tempo, os motivos determinantes para a prática do suicídio aumentaram muito, dentre os quais podemos citar:
1. Transtornos Mentais
- Depressão: É um dos maiores fatores de risco. Pessoas que sofrem de depressão grave podem sentir uma desesperança profunda e uma sensação de que a vida não vale a pena ser vivida.
- Transtorno Bipolar: As mudanças extremas de humor, incluindo períodos de depressão, podem levar ao suicídio.
- Ansiedade Generalizada: A pressão constante, a preocupação, estresse extremo e o medo inerentes à ansiedade podem contribuir para pensamentos suicidas.
- Esquizofrenia: Algumas pessoas com esquizofrenia podem experimentar alucinações ou delírios que as levam ao suicídio.
- Transtornos de personalidade: Como o transtorno de personalidade borderline, onde impulsividade e instabilidade emocional podem aumentar o risco de suicídio.
2. Fatores Psicossociais e Estressores
- Perda de um ente querido: O luto pode levar a um intenso sofrimento emocional.
- Problemas financeiros: Dívidas, perda de emprego ou dificuldades econômicas podem gerar um sentimento de fracasso e desespero.
- Relacionamentos fracassados: Divórcios, separações ou rupturas amorosas podem ser um gatilho.
- Problemas familiares: Conflitos com familiares, abuso doméstico ou negligência podem criar um ambiente de desespero.
- Isolamento social: A solidão e a falta de apoio social (Ex.: Covid 19, início no BR em 26/02/2020)
- Bullying e discriminação: O bullying, especialmente entre adolescentes, e a discriminação por raça, gênero, sexualidade ou religião podem levar ao sentimento de rejeição e desamparo.
3. Trauma e Abuso
- História de abuso: Abuso sexual, físico ou emocional, especialmente durante a infância, pode levar a traumas profundos e pensamentos suicidas.
- Experiências de violência: Vítimas de violência doméstica, agressões ou guerra podem sofrer de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), o que aumenta o risco de suicídio.
4. Fatores Biológicos
- Genética: Pessoas com histórico familiar de suicídio podem ter uma predisposição genética.
- Desequilíbrio químico no cérebro: Níveis baixos de serotonina, um neurotransmissor associado ao bem-estar, estão relacionados ao risco de suicídio.
- Doenças físicas: Condições crônicas ou terminais, como câncer, dor crônica ou doenças neurodegenerativas, podem levar à sensação de desesperança.
5. Abuso de Substâncias
- Drogas e álcool: O abuso de substâncias pode intensificar os sintomas de depressão e ansiedade, além de reduzir o julgamento e aumentar os impulsos suicidas.
- Dependência de medicamentos: A dependência de medicamentos controlados ou opioides também pode elevar o risco.
6. Desesperança e Sentimento de Desamparo
- Sentimento de ser um fardo: Algumas pessoas acreditam que sua existência causa dor ou dificuldade para outras, levando-as a pensar que o suicídio é a única solução.
- Falta de perspectiva: Quando alguém não consegue enxergar uma saída para sua situação atual, pode surgir um sentimento de total desesperança.
7. Influências Culturais e Sociais
- Estigma e tabus: Em algumas culturas, discutir saúde mental é tabu, o que impede a busca por ajuda.
- Pressões sociais: O perfeccionismo, expectativas sociais irreais ou a pressão para corresponder a certos padrões podem desencadear crises existenciais.
- Exposição ao suicídio (Efeito Werther): Ver ou saber de alguém próximo ou famoso que cometeu suicídio pode influenciar pessoas vulneráveis.
8. Crises Existenciais
- Falta de sentido na vida: Questões existenciais, como a busca por um propósito ou a falta de fé, podem gerar um sentimento de vazio profundo.
- Desilusão religiosa ou filosófica: A perda de fé ou de crenças fundamentais pode deixar uma sensação de desorientação.
9. Implicações Legais ou Criminais
- Problemas legais: Pessoas que enfrentam processos criminais, sentenças de prisão ou humilhação pública podem ver o suicídio como uma forma de escapar.
10. Impulsividade
- Algumas pessoas agem impulsivamente em momentos de grande angústia, sem necessariamente planejar ou querer a morte de forma deliberada, mas buscando alívio imediato do sofrimento.
De todos os motivos indicados acima, e a lista não é exaustiva, aquele que, de longe, mais se converte em interrupções intencionais da própria vida é a depressão. Não é por acaso que a depressão vem sendo considerada o mal do século.
Observe os seguintes dados:
- A partir dos dados mais recentes de 2024, estima-se que mais de 320 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com depressão, representando cerca de 4% da população global. A prevalência é mais alta entre adultos, especialmente mulheres, e entre adolescentes, onde aproximadamente 13% dos jovens entre 12 e 17 anos nos EUA relataram ter sofrido pelo menos um episódio depressivo importante no último ano.
- Durante a pandemia de COVID-19, o número de pessoas que experimentaram sintomas de depressão e ansiedade aumentou 25% durante o primeiro ano da pandemia.
- O Brasil tem uma das maiores taxas de depressão na América Latina, com aproximadamente 5,8% da população (cerca de 12 milhões de pessoas) afetada pela doença, de acordo com dados de 2017 da OMS.
- A depressão é a principal causa de incapacidade em todo o mundo e contribui de forma importante para a carga global de doenças.
- A depressão é um dos principais fatores de risco para o suicídio. A OMS estima que cerca de 700.000 pessoas morrem por suicídio a cada ano, o que representa 1 morte a cada 40 segundos.
- O suicídio é a quarta principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos em todo o mundo.
- Existem tratamentos psicológicos e até medicamentosos eficazes para depressão.
- Embora existam tratamentos eficazes conhecidos para depressão, menos da metade das pessoas afetadas no mundo (em muitos países, menos de 10%) recebe tais tratamentos.
A depressão é uma condição médica séria que afeta o humor, os pensamentos e o comportamento da pessoa. Abaixo estão alguns sinais e sintomas que podem indicar a presença de depressão:
1. Mudanças de Humor e Emoções
- Tristeza persistente: A pessoa pode se sentir triste ou “vazia” quase o tempo todo, por um período de pelo menos duas semanas.
- Desesperança e pessimismo: Sentimentos de que nada vai melhorar ou de que não há solução para os problemas.
- Sentimento de inutilidade ou culpa: A pessoa pode se sentir sem valor ou culpada por coisas triviais ou até sem motivo.
- Irritabilidade ou frustração: A pessoa pode se irritar ou se frustrar facilmente, mesmo com coisas pequenas.
2. Alterações no Comportamento
- Falta de interesse em atividades: A perda de interesse ou prazer em atividades que antes eram apreciadas, como hobbies, trabalho, ou socialização, é um sinal comum.
- Isolamento social: A pessoa pode começar a evitar amigos, familiares e eventos sociais, preferindo ficar sozinha.
- Dificuldade de tomar decisões: A pessoa pode ter dificuldades em se concentrar, lembrar de coisas ou tomar decisões simples.
- Choro frequente: Mesmo sem uma razão aparente, chorar pode ser um comportamento comum em pessoas com depressão.
3. Alterações no Sono e Apetite
- Insônia ou hipersonia: A pessoa pode ter dificuldades para dormir (insônia) ou dormir excessivamente (hipersonia).
- Mudança no apetite ou peso: Pode haver uma diminuição ou aumento no apetite, levando à perda ou ganho significativo de peso.
4. Fadiga e Perda de Energia
- Cansaço constante: A pessoa pode se sentir exausta e sem energia, mesmo após um período de descanso.
- Falta de motivação: Atividades diárias podem parecer um grande esforço, e tarefas simples podem parecer extremamente difíceis.
5. Sintomas Físicos Inexplicáveis
- Dores físicas: Muitas vezes, a depressão pode se manifestar em sintomas físicos, como dores de cabeça, dores musculares ou problemas digestivos que não têm uma causa aparente.
6. Pensamentos Relacionados à Morte ou Suicídio
- Pensamentos de morte: A pessoa pode ter pensamentos recorrentes sobre morte, não necessariamente com a intenção de se suicidar, mas com uma sensação de que a vida perdeu o sentido.
- Ideação suicida: Em casos mais graves, a pessoa pode ter pensamentos ativos de tirar a própria vida ou fazer planos para isso.
7. Comportamento Lento ou Acelerado
- Lentidão nas atividades diárias: A pessoa pode falar ou se mover de forma mais lenta do que o habitual.
- Agitação: Em alguns casos, a depressão pode causar agitação, nervosismo ou inquietação.
8. Perda de Autoestima
- A pessoa pode ter uma visão negativa de si mesma, sentir que é incapaz ou que não merece coisas boas na vida.
9. Desinteresse Sexual
- A libido pode diminuir significativamente, causando uma falta de interesse em atividades sexuais.
10. Mudanças no Desempenho no Trabalho ou Estudos
- A pessoa pode apresentar uma queda no rendimento no trabalho ou na escola, faltas frequentes ou perda de foco e motivação para cumprir suas responsabilidades.
Se você apresentar vários desses sintomas por mais de duas semanas e isso estiver interferindo em sua vida diária, é essencial reconhecer que está com um problema e que precisa procurar alguma ajuda.
Estou com depressão. O que fazer?
- Converse com alguém de sua confiança sobre a sua situação.
- Permita que seus parentes mais próximos saibam o que se passa com você.
- Procure ajuda, preferencialmente com um líder espiritual com comprovada experiência em aconselhamento especializado ou profissional de saúde. (O coração ansioso deprime o homem, mas uma palavra bondosa o anima. Provérbios 12:25).
- Evite a solidão. Mantenha contato com familiares e amigos.
- Faça exercícios regularmente, mesmo que seja apenas uma curta caminhada.
- Procure manter uma rotina de hábitos alimentares e de sono regulares.
- Esteja atento aos pensamentos negativos e os de morte e tente substituí-los por pensamentos positivos. Em vez de planejar a sua morte, apresente suas aflições ao Senhor Jesus e ore também pedindo para que Ele volte pela segunda vez. (E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas. Apocalipse 21:4).
- Cuidado para não exigir de si mesmo mais do que é capaz de suportar. Se errar, troque o remorso pelo arrependimento e busque encontrar nos erros dados valiosos para tentar evitá-los no futuro. (Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem. Hebreus 12:15).
- Se o motivo de sua tristeza profunda é um parente próximo, conversar com essa pessoa diretamente, ou com auxílio de um mediador especializado, pode ser inevitável. Procure chegar a um consenso, mas é necessário conversar sobre o assunto. (Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão; Mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada. Mateus 18:15-16).
Como abordar alguém que você suspeita estar com depressão?
- Ofereça apoio emocional: Pergunte como a pessoa está se sentindo e ouça sem julgar.
- Esteja presente: Mostre-se disponível para ajudar, seja ouvindo ou oferecendo companhia.
- Oriente a pessoa a investir tempo no Reino de Deus: buscar a presença de Deus, conhecimento e comunhão com Espírito de Deus ajudará a pessoa em sofrimento a encontrar paz e descanso para a alma dela. Aprender a avaliar a própria vida e buscar adequá-la à vontade de Deus, pois há casos em que a depressão pode surgir da prática reiterada do pecado. Participar de uma comunidade cristã e dos serviços e atividades do cotidiano também é um meio de combater certas causas da depressão, como o isolamento social e o sentimento de exclusão.
- Incentive mudanças no estilo de vida: Praticar exercícios físicos, adotar uma dieta saudável, dormir adequadamente e abster-se de álcool, drogas e outros vícios ajudarão a pessoa a se livrar de uma infinidade de fatores que podem levá-la ao quadro de depressão.
- Observe de perto e, se for o caso, insista para que a pessoa busque a ajuda de um psicólogo ou psiquiatra.
Nos casos mais graves, poderá o tratamento poderá envolver:
- Terapia cognitivo-comportamental (TCC) e outras abordagens podem ajudar a pessoa a lidar com a depressão.
- Medicação: Em alguns casos, antidepressivos são prescritos para equilibrar os neurotransmissores no cérebro.
- Internação em unidades de recuperação: nos casos envolvendo o uso de substâncias, a internação numa casa de recuperação poderá ser necessária.
Nesse momento, convém repetir o convite do Senhor Jesus:
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.” Mateus 11:28-29
Alguém que está na presença do Senhor Jesus e que realmente está desfrutando da paz e do amor de Deus jamais atentará contra a própria vida. Portanto buscar alívio e descanso na presença do Senhor Jesus Cristo é a primeira coisa a se fazer. Precisamos nos lembrar da recomendação que diz: “Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.” 1 Pedro 5:7.
A Bíblia não diz que o sentimento de tristeza é pecado, mas é necessário saber qual o motivo da tristeza e procurar não se entregar a esse sentimento, tal como fez o salmista:
“Por que você está assim tão triste, ó minha alma? Por que está tão perturbada dentro de mim? Ponha a sua esperança em Deus! Pois ainda o louvarei; ele é o meu Salvador e o meu Deus. A minha alma está abatida dentro de mim; por isso, eu me lembro de ti desde a terra do Jordão, das alturas do Hermom, desde o monte Mizar.” Salmo 42:5-6
Em outro momento, o salmista, apesar de estar triste, mantém a esperança, certo de que a tristeza não durará para sempre:
“O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.” Salmos 30:5
Diante das adversidades da vida, as quais podem deprimir o homem, o apóstolo Paulo conservou um pensamento positivo e uma postura resiliente:
“De todos os lados somos pressionados, mas não desanimados; ficamos perplexos, mas não desesperados; somos perseguidos, mas não abandonados; abatidos, mas não destruídos.” 2 Coríntios 4:8-9
Por fim, mas sem esgotar os exemplos bíblicos, temos o profeta Habacuque, o qual não condicionou a sua alegria ao sucesso na colheita, mas tão somente ao fato de ter comunhão com o Senhor Deus:
“Mesmo não florescendo a figueira, não havendo uvas nas videiras, mesmo falhando a safra de azeitonas, não havendo produção de alimento nas lavouras, nem ovelhas no curral, nem bois nos estábulos, ainda assim eu exultarei no Senhor e me alegrarei no Deus da minha salvação.” Habacuque 3:17-18
Nossa vida é valiosa demais para ser interrompida por nós antes do tempo. Deus seja louvado e glorificado.